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A cada quatro anos, a entidade máxima do futebol, Fifa, organiza um dos eventos esportivos mais mobilizadores e lucrativos do planeta, a copa do mundo de seleções nacionais.
Este evento, tamanho a sua capacidade de arrecadação e visibilidade, é uma vitrine para qualquer país que deseje expandir a sua marca e criar oportunidades de negócio com o mundo. De maneira muito bem articulada, e como quase sempre com muita corrupção entre os envolvidos, a família catari teve sucesso em sediar a copa de 2022.
Nós ocidentais temos por vezes um hábito péssimo de subjugar as pessoas com costumes diferentes dos nossos, principalmente no que diz respeito a expressar a nossa ignorância e desconhecimento por religiões não cristãs. Por isso não quero me atentar a pauta de costumes religiosos de lá. Quero fazer uma crítica a essa forma vil de capitalismo exploratório espalhada pelo planeta, que faz com que nós levantemos as nossas viseiras e passemos por cima dos nossos valores.
Veja, há mais de uma década se sabe da postura do país sede da copa em relação a algumas minorias identitárias, sobre as relações trabalhistas análogas à escravidão no país, sobre a ligação da família real com líderes religiosos extremistas, sobre o sportswashing, entre outras coisas. No entanto, agora que as partidas começaram, a imprensa lacradora, alguns grupos militantes e alguns países querem expressar o seu apoio a estas pautas descumprindo as regras do país anfitrião e do campeonato, com o intuito de transformar a copa num evento político, e não mais esportivo.
A hipocrisia é global. Os discursos e gestos brandos de lidar com estes temas não surtirão efeitos, a menos que algo realmente impactante seja feito. Me pergunto o por qual motivo as seleções nacionais não abriram mão da sua participação ao invés de criticar o evento e querer enviar mensagem nas braçadeiras dos capitães. Ou então a razão dos veículos de mídia estarem cobrindo uma copa tão controvérsia e obscura. E por último, por que nós ligamos a nossa televisão ou compramos ingressos a preços estratosféricos para assistir a estes jogos, fomentando ainda mais a desigualdade e a corrupção?
O presidente da Fifa, em declarações recentes, disse ter limpado a instituição. Então por que a sede do evento de futebol mais importante, após todos estes escândalos, não foi trocada para outro país?
Ficam os questionamentos e uma oportunidade de reflexão, para pensarmos as escolhas e os caminhos que nós como sociedade estamos construindo.